Nem sempre que você me vê sorrindo, estou verdadeiramente feliz. Não é
porquê sempre estou na rua, em festas, em bares, maquiada, roupa curta e
salto alto que virei uma devassa. Não é porquê você sempre me vê
acompanhada, que eu esteje de caso com alguém. Não me julgue pelo o que
você vê, pelo o que você acha.
Eu aprendi aos trancos que não importa o quão triste eu esteja por
dentro, por fora eu devo sempre aparentar felicidade. Eu deixo o meu
peito chorar, aqui quietinho, dentro de mim, e saio por aí pra distrair a
cabeça. A maquiagem disfarça os olhos inxados, cansados. A roupa curta
só demonstra o quão insegura eu sou. O salto alto compensa o
desequilíbrio do coração. Os acompanhantes são amigos que me entendem,
sabem a loucura que se passa aqui dentro e me levam para ser feliz, nem
que seja um pouco, nem que depois eu volte mais triste do que quando eu
fui, com o vazio no peito ainda maior, sentindo a falta de alguém.
Alguém que des-conheço. É um ciclo vicioso.
Você me julga pelo o que vê, mas não se interessa em saber o que eu
sinto. Nos últimos meses a vida usou algumas pessoas para me ensinar
algumas coisas. Sofrimento é igual à aprendizado. Aquela menina doce,
ingênua e boba continua aqui, quietinha dentro de mim, é ela quem chora
calada. Mas aprendi que se eu quizer ser feliz, eu tenho que proteger
ela. Então eu visto minha armadura e saio por aí. E quem me vê, não vê
mais ela. Melhor assim, evito decepções. Quem sabe um dia, alguém
desperte ela novamente.
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