segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A gente sabe o que merece!


Meu Deus, como eu era volúvel! A cada semana me apaixonava por um. Sofria feito louca, chorava, esperneava, fazia maluquices. Muitas vezes pensei que o problema fosse comigo. Eu devia ter um gosto esquisito, um dedo podre, um imã que atraía só os homens problemáticos, inseguros, comprometidos, confusos. E quer saber? O problema era comigo, sim.Uma vez a minha mãe me disse que eu adorava inventar um problema, um motivo para chorar. Pensei que ela estava desequilibrada. Que nada, a doidona era eu. Meu primeiro “amor” foi algo impossível. Meu segundo eu nem lembro. O terceiro...esqueci o nome. Eu tinha amores semanais, mensais. E depois esquecia, arrumava outro para ocupar aquele lugar que na verdade nunca foi ocupado. Mas uma hora a gente cansa de bater na porta de quem não abre.Sentia que merecia mais. Sentia que desperdiçava tempo e lágrimas. Mas também sentia uma carência absurda, por isso me jogava em qualquer relação. E normalmente, acredite, elas eram destrutivas e  estragadas.Já me contentei com pouco, já recebi migalhas, já implorei por minutos de atenção, já ouvi que o cara ainda era apaixonado pela ex. E mesmo assim insisti, pois achava que eu tinha o poder de fazer o outro esquecer um grande amor. Que bobagem, a gente não tem poder nenhum.Me dei conta, depois da vida me estapear a cara diversas vezes, que quem te quer faz o possível e o impossível para ficar contigo. É simples. Não é complicado ou complexo, não. A gente é que coloca vírgulas, exclamações e interrogações. Mas o amor de verdade é cheio de reticências, de continuidade. Porque você quer. E a outra pessoa também.Uma relação pra dar certo tem que ter sintonia. Os dois têm que caminhar na mesma direção. Não adianta você querer puxar o outro pela mão. Tentar carregar no colo. Dar uma carona. Arrastar pelos pés. O outro tem que querer ir.Tudo bem, eu sei que existe muita gente que faz uma coisa e diz outra. O cara diz que não te quer, mas aceita ir ao cinema. Então eu me pergunto: é isso que você quer? É esse tipo de relação que espera ter? Me desculpa, mas eu quero alguém que diga e faça.Não sou mais aquela adolescente desesperada por atenção e algum tipo de afeto. Eu cresci e meu pensamento amadureceu. Não mereço uma pessoa que não sabe o que quer. Mereço certezas. Mereço que seja recíproco. Não quero alguém que me bajule o tempo todo. Não precisa abrir porta de carro, oferecer diamantes, pagar o jantar. Só precisa ser sincero. E real. E, principalmente, se entregar por inteiro. Porque não estou aqui para receber metade de nada. 

Sinceridade nem sempre é tudo


Todo mundo está careca de saber que viver é acumular experiências e evoluir. É uma pena que tem gente que segue parada, sem tomar conhecimento da própria vida. As coisas acontecem rápido demais e muitas vezes precisamos tomar uma decisão num piscar de olhos. Cazuza já dizia que “o tempo não para”. E ele nunca vai parar para que você ajeite as melancias dentro do seu caminhão.
Sempre tive uma pressa, uma urgência em viver. E em falar. Falava sem pensar, agia por impulso, morria um pouco todo dia com essa forma doída de viver. Mas aprendi, de uma forma dura, que não sou melhor que ninguém só por dizer o que penso. A gente precisa falar com jeito, cuidar pra não ferir o outro. Por mais intimidade que você tenha com seu amigo, seu namorado, sua mãe ou sua prima você tem que medir as palavras. Não dá pra vestir a camisa 100% Sinceridade e sair por aí disparando tiros de verdade pelo mundo afora.
Minha avó sempre disse duas coisas “quem fala o que quer ouve o que não quer” e “o que arde, cura”. Demorei um pouco para entender o real significado disso, afinal, qual criança gostava de passar Merthiolate no joelho ralado? Hoje eu entendo tudinho que ela quis dizer. Imagina se todo mundo falasse o que pensa? Eu não teria amigos, você também não. Provavelmente, seria deserdada por meus pais. Não ia conversar com ninguém, nem com o seu Carlos, que faz o melhor pão aqui da avenida.
Sinceridade é bonito, mas a gente não pode trocar as bolas e confundir as coisas. Ser sincero não é ser mal educado. Não é ser grosseiro nem cruel. Não sou tão sincera assim. Não tenho coragem de agredir uma pessoa gratuitamente. Fulana, você ficou parecendo um bicho com esse botox. Beltrana, não adianta ser bonita e vazia. Dona Maria, a senhora não tem mais idade pra usar uma saia curta desse jeito. Entende a diferença? Tenho uma amiga que não percebeu que cresceu, que já é uma mulher, que não dá pra passar a vida fazendo festa e pegando tudo que se mova. Temos uma super abertura, mas cada um faz a sua escolha, não posso tomar goles de sinceridade, abrir a boca e sair dizendo o que eu acho. Mesmo porque o que é errado pra mim pode ser certo pra outra pessoa. Acho complicado opinar, dizer que tem que ser assim ou assado ou de tal jeito. Cada um tem o seu jeito e vive da forma que acha adequada. Ou da forma que sabe.


De maos dadas!


Tomei uma decisão definitiva: vou parar de reclamar da vida. Não adianta emburrar, se queixar, ficar com rugas antes da hora. A coisa é bem simples: existem coisas que a gente pode fazer e outras que a gente não pode. O que depender de mim eu faço. O que depender dos outros, bem, daí é com os outros. E isso inclui você.Eu cansei de esperar. Tudo bem, eu sei que a gente sempre espera (e por isso se ferra). Mas é inevitável. Penso que se eu posso fazer algo, você também pode. Por mais atolada de trabalho que eu esteja, lembro de você, quero saber se você está bem, se o resfriado melhorou, se você não pegou chuva, se o almoço estava bom. Desculpe, eu sou assim. É por isso que te ligo, é por isso que quero saber do seu dia, do negócio que deu certo, da reunião que atrasou, do trânsito infernal.Tem uma diferença grande entre carinho e grude. Nunca fui grudenta, mas sou bem carinhosa e preocupada. Então, por favor, não me olhe com essa cara quando eu disser poxa, você não me mandou uma mensagem hoje. Sabe por quê? Porque vai ser sempre assim. É a eterna guerra dos sexos. Não, eu não sou feminista. Inclusive, volta e meia me acho até machista. Mas homens e mulheres diferem muito na demonstração de afeto. Pra gente, afeto é lembrança. Você está ocupado? Tudo bem, quando for fazer cocô mande uma mensagem de texto. Quando abrir o seu email mande um “eu te amo”. Quando estiver almoçando ligue “oi, é só pra mandar um beijo”. São coisas simples. Mas que importam. Que fazem com que nosso dia fique melhor.Seu dia foi cheio de reuniões? Tudo bem, a gente entende. Mas todo mundo tem 2 minutos para uma ligação rápida, um email,  uma direct message. Se você pode tuitar bobagens, pode mandar uma mensagem de amor. Se você tem tempo de entrar em uma rede social, pode dar um oi rápido. Por favor, não cometa a atrocidade de dizer que seu dia foi cheio se você marcou presença nas redes sociais. Ok, eu sei que hoje em dia a gente trabalha com muitas janelas abertas. Mas todo mundo tem tempo para um entretenimento the flash. Então, você também tem tempo para um sinal de vida.É bonito manifestar sentimento. E é feio só querer receber. Receber abraço, beijo, comidinha gostosa, carinho, cafuné. Na vida, a lei é clara: a gente dá e recebe. É uma via de duas mãos. Você faz, você leva. É claro que ninguém tem que fazer por merecer, mas em uma relação a gente tem que se preocupar, sim, com as necessidades do outro. E se o outro se sente mais amado com um bilhete, uma surpresa, uma flor, uma carta, um email querido, uma mensagem romântica, não custa nada ser gentil. É bom agradar quem a gente ama. O ruim é ser egoísta e só pensar nas próprias necessidades. Mesmo porque a gente deve pensar o seguinte: é agradando o outro que eu agrado a relação. Se o outro está feliz, ele vai querer a sua felicidade também. Dizem que uma mão lava a outra e as duas lavam o rosto, certo?